UM ENCONTRO COM AS RAÍZES:

VISITA CATIVANTE NA COMUNIDADE DE BARAÑAIN

Sábado dia 10 de maio, a Comunidade das Irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário em Barañain (Pamplona) viveu um momento profundamente significativo. Neste dia, a comunidade recebeu a visita de Manuel Torralba Lizasuain, sobrinho tataraneto de Madre Ascensão Nicol, fundadora da Congregação. Jovem seminarista de 30 anos, Manuel chegou acompanhado por alguns companheiros do Seminário Diocesano de Navarra para visitar a tumba da Beata Madre Ascensão, cuja sepultura se encontra nesta comunidade de irmãs maiores.

A presença de Manuel e dos seus companheiros converteu-se num encontro de memória viva e fé partilhada. Junto a todas as irmãs, incluindo as que vivem na enfermaria, rezou-se com recolhimento aos pés da tumba da fundadora, elevando súplicas por toda a Congregação e pela sua missão no mundo. Foi um instante de profunda comunhão, onde passado, presente e futuro se entrelaçaram na esperança.

Depois da oração, os jovens saudaram pessoalmente as irmãs da enfermaria. Esse espaço, cheio de história, de sabedoria acumulada, de entrega generosa e silenciosa, deixou neles uma pegada imemorável. Em cada olhar, em cada palavra, percebia-se a força de uma vida missionária vivida com paixão e fidelidade nos cantos mais necessitados do planeta.

O itinerário continuou com uma visita à sala com memórias muito significativas dos Padres Fundadores, preservadas como um lugar sagrado para a Congregação. Ali se respiram as origens, as raízes de uma vocação que se multiplicou em gerações de irmãs que, como ela, decidiram «gastar a vida» pelo Reino.

Antes de se despedir, Manuel concordou com uma breve entrevista que partilhamos abaixo, com palavras sinceras e cheias de sentido:

 

Entrevista a Manuel Torralba Lizasuain

“O meu nome é Manuel Torralba Lizasuain. Sou de Tafalla, tenho 30 anos e estou atualmente no sexto ano no Seminário Diocesano de Navarra. Se Deus quiser, no dia 29 de junho receberei a ordenação diaconal. Pertenço à sétima geração de descendentes da Madre Ascensão Nicol, já que a avó paterna da minha mãe era prima carnal da Madre.”

Que significado teve para ti vir à comunidade das Missionárias Dominicanas visitar a tumba da Madre Ascensão?

“Foi uma experiência profundamente emotiva. Desde que a Madre Ascensão foi beatificada em 2005, eu tinha então apenas dez anos, a sua figura sempre esteve muito presente na nossa família. Fui a Roma com os meus pais e irmãos para a beatificação, e foi um grande acontecimento para nós, para o povo de Tafalla e para a nossa paróquia.

Desde então, a recordo com carinho e proximidade. Levo sempre comigo as suas estampas, em livros ou na carteira. Sentia que tinha de vir visitá-la aqui e, embora o ritmo do seminário seja muito intenso, hoje esse desejo foi finalmente realizado.

Estar diante do seu sepulcro, acompanhado por tantas irmãs que deram a vida pela missão, que seguiram os passos de Cristo e da fundadora nos lugares mais necessitados, foi muito comovente. Tocou-me profundamente e encoraja-me a avançar no meu próprio caminho vocacional.»

As irmãs já estão mais velhas e é necessário um novo impulso vocacional, está disposto a colaborar nesta missão?

“Sim, claro. Em várias ocasiões tive que dar testemunho vocacional e falar sobre o chamado de Deus. Se nesse caminho eu descobrir uma vocação missionária, certamente a enviarei para cá. As Missionárias Dominicanas do Rosário merecem continuar a sua obra com novas gerações comprometidas.”

 

Este encontro não só foi uma homenagem íntima à Fundadora, como também uma sementeira de futuro, onde as sementes do carisma dominicano se renovam nos corações jovens que se deixam tocar pelo testemunho de vida entregada.

O ideal que inspirou a Madre Ascensão Nicol continua vivo. Esse anelo profundo, que marcou a sua vocação e a de tantas irmãs depois dela, continua a latir com força:

“Eu aspiro fazer felizes aos seres que em mútua união hão-de viver comigo, suavizar suas horas de tristeza, ser em suas mágoas lenitivo. Ver felizes aos que amo é meu anseio; pois sua dita é minha dita e regozijo, ainda que oculte meus pesares em minha alma, ainda que oculte meu choro e meus suspiros; e ainda que lhes dera todos os méritos dos meus poucos… ou muitos sacrifícios. Persigo este ideal para a minha vida, talvez digam que peca de singelo, mas… espero que o premie e enobreça a caridade de Cristo.”

Esse ideal, que brota do Evangelho e se encarna na vida, é hoje também a bússola de quem, como Manuel, continua a responder com generosidade à chamada de Deus.

Entrevista realizada pela Ir. Marcela Z.,

Comunidade de acolhimento de Madrid

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