DA ITINERÂNCIA NOS RIOS À ITINERÂNCIA EM ATIVIDADES RELACIONADAS COM A NOSSA MISSÃO EVANGELIZADORA

A nossa comunidade itinerante, composta por quatro irmãs e dois frades dominicanos, tem a responsabilidade de animar a vida da missão em Kirigüetti e Timpia, juntamente com as suas respetivas comunidades. Tal como outras comunidades, também fomos afetados pela pandemia.

Todos os anos, antes de começarmos o nosso trabalho missionário, decidimos elaborar uma planificação. Gostamos que a programação assinale o dia, o mês, a hora, as atividades e os responsáveis. Tudo decorria na perfeição e estávamos prontos para iniciar o ano. Nem sequer nos passou pela cabeça que A PANDEMIA iria bater-nos à porta e que a missão de deslocação até às comunidades e de assistência aos internatos seguiria noutra direção.

Quando o governo, no dia 11 de março de 2020, decretou a interrupção das aulas, e depois a quarentena, tivemos de mudar o nosso chip mental, e contactar as comunidades para que os 60 alunos da nossa residência não se deslocassem à missão. Apenas dois alunos da comunidade “Montetoni” vieram com o professor, mas ele levou-os para casa.

Enquanto comunidade, perguntámo-nos: o que fazer agora? Na nossa planificação, tínhamos previsto estudar a língua, os aspetos culturais, a realidade da Amazónia, a encíclica “Querida Amazónia”, e adaptar os materiais para a catequese. Pensámos que seria bom aproveitar este tempo para estudar a “Querida Amazónia”, por isso, mãos à obra – o nosso trabalho já está a dar frutos. “A mau tempo, boa cara”. Na comunidade dizemos que tudo o que tínhamos em mãos era muito, não sei quando o teríamos feito.

Não prevíamos que o governo iria lançar o programa “Eu aprendo em casa”, que envolve a coordenação entre os líderes das comunidades, pais e estudantes. O programa proposto pelo governo não está disponível para todos, porque em várias comunidades não há luz, nem televisão, e os poucos sítios que têm wifi o acesso é limitado.

Vemos que os professores estão a fazer um grande esforço para que os alunos possam compreender alguma coisa. Preocupam-se para dar a conhecer o Coronavírus, as formas de prevenção, tanto na sua língua como em espanhol. O nível de escolaridade é muito baixo e penso que, se conseguirmos que os alunos conheçam as quatro principais operações e saibam raciocinar, o resto “virá por acréscimo”.

E como uma coisa não vem só, os alimentos que os alunos consumiam no colégio, estavam na instituição, mas não foi dada autorização para distribuir. Quando foi dada autorização, estes só seriam entregues aos pais de família e os estudantes da nossa residência ficariam de fora. Por isso, conseguimos que nos fosse entregue, e assumimos o compromisso de o fazer chegar a cada comunidade, e assim foi. Cumprimos o compromisso, embora isso tenha implicado tempo e despesas. Quando se ama o que se faz, não há cansaço ou tempo que nos impeça de o fazer. Não é em vão que temos o exemplo de uma grande mulher que nos lembra que “não basta fazer o bem, é necessário fazê-lo bem”. “Só fazes o bem às almas na medida em que as amas.”

Como Deus concede a cada um de nós dons para colocar ao serviço, na nossa comunidade, para além das diferentes obras que temos em mãos, estamos a fazer máscaras, a restaurar algumas imagens, a reparar os espaços de alvenaria, a elaborar projetos para enfrentar esta situação nas comunidades, a comunicar com os alunos, etc.

É assim que estamos a construir comunidade dia após dia “Ficando em casa”.

Susana Fong Castellano.

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