POVOS ORGANIZADOS EM BUSCA DE LIBERTAÇÃO

A libertação real é a expressão organizada de um povo. Quando os povos estão em movimento e buscam a sua libertação é porque os seus direitos estão a ser violentados por um sistema opressor. Os povos que buscam libertação caraterizam-se como novos movimentos sociais e o seu ponto de partida são os novos sinais dos tempos, que apontam para uma maior libertação humana dos nossos povos.

Os povos estão em luta constante para libertar-se da injustiça estrutural que oprime à maioria do nosso continente. Os povos de América Latina assumiram a libertação como atitude existencial, têm sido o suporte das forças populares nas suas comunidades. A realidade de gente empobrecida, vai-se agravando cada vez, mais tanto a nível social como político, eclesial e económico. Por isso, muitos não permanecem calados perante as injustiças, as desigualdades e a iniquidade que são indignantes.

Frente a esta realidade que ameaça a vida, aparentemente não existem sinais de esperança, no entanto, as pequenas comunidades, aldeias, povoações, bairros, setores que estão organizados para defender os seus direitos, são as novas alternativas viáveis de libertação de hoje. Porque a partir dos seus lugares promovem ações em busca da dignificação da vida. Quer dizer, são o novo despertar da sociedade.

Ao longo da história os povos, que têm memória e plena consciência do seu direito à liberdade e à justiça, são sempre as alternativas de libertação. Um bom exemplo a partir da perspetiva teológica, foi a organização do povo de Israel para se liberar da opressão do Egipto.

Nas Escrituras, se nos narra o período de escravidão que viveu o povo Elegido e o seu processo de libertação (Ex 1-15), o qual foi possível graças à confiança do povo em Yahvé e nos seus líderes, Moisés e Aarão, que também confiavam na companhia de Yahvé que os dirigia a uma terra onde o povo fosse livre e tivesse os espaços e as condições adequadas para o desenvolvimento digno da vida.

Por isso, é importante ter claro que a opressão é todo um sistema de morte que penetra todas as esferas da vida. Por esta razão, os povos assumem ações concretas a partir de uma organização, voluntariados, grupos organizados alternativos, participação e ações de cidadania, movimentos sociais, movimentos de povos originários (Indígenas), movimentos camponeses, movimentos estudantis e movimentos inter-religiosos, a partir das diferentes Espiritualidades.

A libertação que buscam os povos faz parte de uma história em que objetivo principal é recuperar a justiça, a igualdade, a dignidade, para os seres humanos e a Casa Comum. Apesar das realidades de opressão e de sofrimento os povos não se resignam, já que mantêm uma força interior que os move para continuarem a optar pela vida e na busca da libertação, através da confiança no Deus que se encarna no coração dos Povos, no Deus que caminha com eles e os liberta da escravidão.

Portanto, pode-se afirmar que a libertação de um povo surge aí, onde se dá uma prática messiânica, na fé e na esperança em favor da vida.

Ir. MARIA ONELIA LÓPEZ ORTÍZ

Guatemala

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